06.07.2019

Um dos motivos para eu ter escolhido a semana do dia 02 de julho para a minha viagem à Argentina foi o eclipse solar que tivemos esse ano e que poderia ser melhor observado apenas nos países do leste da América do sul, incluindo a Argentina. Esse fenômeno foi especial para mim porque astrologicamente ele se deu no eixo câncer e capricórnio, meu eixo nodal de nascimento e também onde eu tenho o sol e alguns planetas pessoais. Para uma amante da leitura dos astros, seja do ponto de vista astronômico ou metafísico, essa era uma experiência de vida. E faltando apenas alguns dias para o meu aniversário, me dei ela de presente.

Você pode pensar: que tipo de pessoa viaja apenas para ver um eclipse? Na verdade nem eu sei, só sei que lá estava eu, no dia 02 de Julio de 2019, deitada na grama do planetário Galileo Galilei aguardando ansiosamente como uma criança. E sinceramente valeu mesmo a pena, porque foi mesmo tudo mágico. Não dá para descrever, tinha todo tipo de gente, gringos de toda parte que assim como eu, foram até lá só para ver esse fenômeno. Tinha pipoca, cheiro de grama e chuva. E largada lá no chão, só pude pensar em como estava em casa, me sentindo pela primeira vez pertencente.

Uma coisa doida e que se expressa bem por todos os posts que vou escrever sobre essa viagem é que eu nunca imaginei que fosse me sentir tão em casa em um lugar cujo qual eu não tenho a menor ligação. Mas foi exatamente o que houve e no dia que pisei em Ezeiza minha vida mudou para sempre. Eu soube alguns dias depois, sentada numa praça que dificilmente me sentiria daquela forma em outro lugar. Não sei bem que tipo de magia que aconteceu naqueles dias, mas sei que falei espanhol fluentemente e me desloquei pelas ruas da cidade como se sempre tivesse vivido ali. Então de certa forma, quase como um eclipse, uma sensação crônica de falta de pertencimento se dissipou da minha alma e eu soube que a qualquer momento, sempre teria uma casa para onde poderia voltar.

O meu amor pela Argentina só se explica pela teoria das estrelas. Talvez uma outra vida? Não sei. O que sei é que já viajei antes e é sempre uma experiência incrível. Mas aqui não, não foi uma viagem, foi um reencontro. Tudo que sempre foi difícil para mim em São Paulo, todas as minhas tentativas de me sentir em casa em minha própria terra de repente fizeram sentido nas ruas de Palermo. A gente descobre que por mais estranho que pareça existem outros lares no mundo. Existem culturas que são mais próximas de nós, do que a do nosso nascimento. E quando a gente entende isso tudo parece fazer mais sentido. E mesmo que a gente escolha voltar, sempre vai ficar uma parte da gente onde o nosso coração criou raíz por toda eternidade.

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *

2 Comentários

  • Taís

    que lindo isso, Jess!
    Eu entendo perfeitamente o que você sente e fico feliz que você encontrou um pedacinho de você que estava perdido. Lembro que quando também encontrei meus lares no mundo (sim, tem mais de um, é possível haha), senti esse pertencimento tão forte, foi um sentimento tão especial e bonito.. e acredito que vocÊ tenha sentido o mesmo. É um momento tão único nosso e como isso nos faz crescer muito e a nos entender ainda mais
    🙂